sexta-feira, 6 de maio de 2016

Ricardo Darín para Sangue Latino ❤

Assisti alguns filmes com Ricardo Darín e sem dúvida é um ator espetacular. “O Segredo dos seus olhos” e “Relatos Selvagens” são ótimos!
Hoje assisti a entrevista do ator argentino para o programa “Sangue Latino” do Canal Brasil e senti um alívio muito grande com sua fala sobre erros cometidos e a “ditadura do acerto” que temos vivido. Mostrou-se um homem raro, sensível, inteligente e corajoso por expor seus sentimentos dessa forma.
Darín sendo incrível! Link aqui e transcrição na integra aqui:


“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de 20 casas de pau a pique e telhados de sapé construídas na beira de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e, para mencioná-las, era preciso apontar o dedo. Todos os anos, lá pelo mês de março, uma família de ciganos esfarrapados plantava sua tenda perto da aldeia e, com um grande alvoroço de apitos e tímbalos, mostrava as novas invenções”
Trecho de Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Márquez


Eric Nepomuceno: No mundo de hoje, você acha que ainda existe espaço para as utopias?

Ricardo Darín: Sim. Sim, porque, cada vez mais, teremos mais espaço para as utopias, ou oportunidades, porque teremos que buscar os espaços, que, cada vez mais, serão mais restritos, mas a necessidade e a oportunidade existirão. Estamos cercados por eletricidade, estamos cercados pela era digital. Necessariamente, assim como ocorreu em quase todas as etapas, teremos que voltar a certas origens para podermos nos redescobrir e entender que tudo está muito bem, que é fantástico em muitos aspectos. Em termos científicos e de comunicação, com todos os avanços tecnológicos, mas a sensação de que vamos perdendo espaço em termos de contato pessoal, o cara a cara, e acho que, necessariamente, teremos que encontrar os lugares, os espaços e as oportunidades para podermos divagar e poder resgatar as utopias.

Tudo está muito condicionado ao resultado. Tudo está muito condicionado à efetividade, ao acerto. Por exemplo, nossas gerações jovens atuais estão condicionadas a uma pressão permanente, que tem sido exercida, voluntária ou involuntariamente, sobre a juventude, no sentido de que devem acertar, devem ser bem-sucedidos em tudo o que fizerem. Eu detesto essa visão. Detesto a ideia de não poder errar, de não poder aprender com os erros, de não poder falhar, e se levantarmos, nos recuperarmos e seguir em frente, porque esse é um dos motores do templo humano. Errar.

 

EN: Como você lida com os erros?

RD: Eu cometo muitos erros, muitos erros. Sempre foi assim, e não deixarei de cometê-los. Eu erro. Eu cometo erros, às vezes, de forma leve, outras vezes, por sorte poucas, de forma contundente. Eu desfruto da oportunidade que dei a mim mesmo, de pedir perdão, de me colocar, de poder corrigir um erro. Estou permanentemente sob suspeita, permanentemente duvido de mim, inclusive de coisas que, quando tinha 20 anos, tinha certeza de que eram absolutas. Acho que o mundo está permanentemente em movimento, estamos tentando descobrir quem somos, o que estamos fazendo neste planeta. Esta espécie extraordinária que conformamos nos dá sinais de excelência em muitos aspectos e, em muitos outros, não. Então eu acho que, nesse devir, estamos constantemente tentando entender o que estamos fazendo aqui, o que vamos fazer com tudo isto.

 

EN: Ricardo, você acredita no destino?

RD: Eu tive uma criação muito paternalista, muito apegada, muito ligada ao meu pai, que era um homem que falava muito de destino. Por isso, fui criado e me desenvolvi com frases, conceitos, ideias e visões dele que sustentavam de uma forma muito ferrenha, porque ele se expressava bem, escrevia bem. Então falava muito do destino, de que tudo está escrito, de que tudo vai acontecer, de certa forma, da mesma maneira. Mas eu rejeito um pouco isso e tento acreditar que, embora provavelmente seja verdade que como espécie, como comunidade, como sociedade global estamos sendo levados até determinados desígnios ou questões predestinadas. Me nego a aceitar a ideia de que não é importante o que cada um de nós faça, em função não só do nosso âmbito, do nosso núcleo, mas também da projeção que isso possa ter. Confio, infantilmente, muitas vezes, em que alguém possa nos ajudar a ter um pouco mais de iluminação, de claridade, alguém que, de repente, decida não aceitar todas as regras estabelecidas e decida nos promover, nos estimular a revisar cada uma das regras que foram sendo estabelecidas. Portanto, nesse sentido, como é lógico por contraposição, acredito muito no que cada um de nós pode fazer.

 

EN: Um grande poeta argentino, Juan Gelman, tem um poema cujo título é uma pergunta: “Amor que serena, termina?”

RD: Amor que serena, termina? Não sei se o amor termina, não sei exatamente o que é o amor, mas tenho a sensação de que assim como muitos seres vivos, vão se transformando, vão se autorreciclando e se transformando em outras coisas, mas não sei se termina.

 

“No terceiro dia de chuva tinham matado tantos caranguejos dentro de casa que Pelayo teve de atravessar o seu pátio inundado para atirá‑los ao mar, pois o bebé recém‑nascido tinha passado a noite com febre e pensava‑se que era por causa da pestilência. O mundo estava triste desde terça‑feira. O céu e o mar eram uma única e mesma coisa de cinza e as areias da praia, que em Março resplandeciam como poeira de luz, tinham‑se transformado numa papa de lodo e mariscos podres. A luz era tão fraca ao meio‑dia que, quando Pelayo regressava a casa depois de ter deitado fora os caranguejos, teve dificuldade em ver o que era que se movia e gemia no fundo do pátio. Teve de aproximar‑se muito, para descobrir que era um homem velho, que estava caído de borco no lodaçal e que, apesar dos seus grandes esforços, não podia levantar‑se, porque lho impediam as suas enormes asas.”

Trecho de Um senhor muitos velho com umas asas muito grandes de Gabriel Garcia Márquez

EN: Ricardo, quais são suas perdas?

RD: São muitas, vamos perdendo e ganhando. Não gosto muito de fazer balanços. Portanto, não me dou muito bem com contas e essas coisas, mas, suponho que as perdas, tal como as interpreto, sejam aquelas irrecuperáveis. Já tive muitas perdas, como todos aqueles que têm cabelos grisalhos e atravessaram várias décadas. Não tenho certeza de que a dor é uma perda, às vezes, acho que é um capital, mas as ausências são perdas, as ausências físicas, as ausências atmosféricas são perdas. As perdas de oportunidades também são perdas. Nesse aspecto, não sou um grande perdedor de oportunidades, sempre soube aproveitá-las muito bem, o que me torna um ser quase suspeito. Muitos dizem que tenho um ótimo olho para ver o que tenho ou não que fazer. Acho isso engraçado, porque não sigo nenhuma regra ou norma. Simplesmente minhas entranhas me dizem se devo ou não fazer determinada coisa. Mas tive muitas perdas. Perco muita água, porque sou muito chorão. Choro muito. Não tenho vergonha de chorar. Também rio muito. Sou muito exagerado com as emoções. Mas o primeiro impacto que sinto com a sua pergunta é, pela perda de seres queridos, de seres valiosos.

EN: Você é ator de teatro, que é uma arte efêmera. Uma noite, e a sessão acabou; outra noite, será outra sessão. Como você lida com isso?

RD: Essa é a melhor parte. Esse é o grande presente do teatro, ter que enfrentar um público com um plano minimamente predeterminado, ou seja, realizar uma sessão, uma representação na qual vamos fazer um jogo combinado. Existem vários jogos combinados. Um é que vamos ser os atores, o elenco, no palco, vamos jogar um jogo no qual representaremos outras pessoas, imersos em uma história que não nos pertence, de alguma forma. E o público jogará esse jogo aceitando certas regras. Mas ninguém ainda conseguiu descobrir exatamente por que não conseguimos deixar de sentir a vertigem e o perigo que são geradas neste mesmo evento. Ou seja, todos nós estamos sob esse mesmo teto envolvidos por essa atmosfera, tentando jogar esse jogo compartilhado de aceitação e entrega, no qual ocorre uma troca de energia muito poderosa, da qual pouco se fala. Ninguém conseguiu ainda descobrir como lidar para enfrentar a vertigem e o perigo que isso significa. O teatro nunca será substituído. O teatro é perigoso. Efêmero no tátil. Efêmero que concebemos como algo a acumular. Não tenho tanta certeza que seja... Em algum lugar de todos nós, fica algo do que ocorreu nessa noite.

EM: Do que você sente falta?
RD: Sinto falta de jogar futebol. Muita. Muita mesmo, porque gostava muito, mas, por um problema nos ligamentos, não posso jogar, a não ser que opere, o que não farei. Sinto falta de conversar com o meu pai. Nossas conversas eram muito impactantes. Ele jogada um jogo muito estranho comigo desde pequeno, que consistia em me revolucionar, em propor enigmas ou perguntas e jogar até altas horas da noite tentando encontrar juntos uma possível resposta. E hoje que tenho filhos grandes, com os quais tenho conversas, discussões e polêmicas até altas horas da madrugada, o tenho permanentemente presente, e sempre penso como seria bom se ele estivesse aí. Possivelmente se ele estivesse em cada uma dessas discussões, meu papel seria outro, porque não teria deixado de ser filho mesmo sendo pai. De alguma forma deixo um pouco de ser filho e só exerço o papel de pai. Então, muitas vezes me vejo perdido nesse papel. Não sei se assimilei completamente a ideia de ter deixado de ser filho. Tenho um monte de perguntas que gostaria que respondessem, e me vejo compulsivamente, obrigado a tentar encontrar respostas ou a sugerir opiniões. Por isso, sinto muita falta daquelas conversas.

EM: Como você lida com a solidão?
RD: Eu adoro a solidão. Sou um adorador da solidão. Por alguma questão ocidental, fomos empurrados a acreditar que a solidão é um inimigo. Então, permanentemente, os seres, seja como for, custe o que custar, tentamos não ficar sozinhos. E perdemos uma grande oportunidade. O diálogo interno, a reflexão, a meditação, a investigação de nós mesmos, enfrentar nossos próprios medos, inclusive nossas certezas, quase sempre ocorrem em atmosferas de solidão. Como sou notívago, estou treinado e acostumado a conviver com minha solidão. Muitas vezes, tenho que atravessar as noites só, porque minha mulher está cansada e já foi dormir porque levanta cedo, e meus filhos têm que fazer suas coisas, e eu me reservo o direito de ficar sozinho de noite, porque é o momento no qual estou mais próximo de mim mesmo. Eu me descubro a mim mesmo durante o dia, respondendo exigências urbanas e cidadãs, mas, de noite, em solidão, é quando estou mais próximo de relembrar quem sou.

EM: Vai acontecer comigo, vai acontecer com você, chegará a hora da viagem sem volta. Se você pudesse levar algo, o que levaria?
RD: Eu acho que, para onde vamos, se é que vamos para algum lugar, levar alguma coisa não servirá para nada. Como meu pai dizia, temos que estar com a bagagem o mais leve possível. Ele defendia que a propriedade não existe, que tudo o que achamos que é nosso, antes, foi de outro e, amanhã, também será de outro. Então a propriedade não existe. Desfrutamos do privilégio do empréstimo temporário. Eu acho que o melhor, o máximo a que podemos aspirar é ficar na alma dos seres com os quais tivemos contato, nos nutrimos e sentimos essa troca, esse maravilhoso ato de generosidade recíproca de nos amarmos, nos tocarmos dizendo que nos amamos, nos cuidando, nos protegendo e nos darmos alegrias. Acho que é o máximo que podemos aspirar. Não levaria nada, porque acho que não vou a lugar nenhum. Acho que o que posso desejar é desaparecer, me desintegrar, e, se tiver muita sorte e conseguir que alguém cuide de minhas cinzas, do que restar, as coloque debaixo de um vaso onde tenho um bonsai que me preocupa muito, porque o abandonei por 10 dias, nos quais pegou sol o tempo todo e quase secou. Todos falaram que tinha morrido, que não dava para fazer nada, mas coloquei água, tirei do sol e coloquei na sombra, em ambiente úmido e, magicamente, rebrotou. Portanto, se isso acontecer em um tempo mais ou menos prudente, digamos, nas próximas horas, vou pedir que coloquem minhas cinzas debaixo do bonsai, porque estou muito atento e concentrado nesse bonsai. Vou revivê-lo, lá de cima ou daqui debaixo.


sexta-feira, 29 de abril de 2016

Minha viagem para a Chapada dos Veadeiros/GO

Fui convidada pela minha melhor amiga para visitar a prima dela que mora em Brasília/DF. Tinha ficado animada de conhecer a capital federal, mas pensei que seria apenas um feriado tranquilo vendo prédios que já conhecia pela TV. Até que me adicionaram no grupo do whatsapp “Chapada” e sim, nós iriamos para a Chapada dos Veadeiros! No começo fiquei apreensiva, não sei nadar, fiz trilha só umas duas vezes na vida e não tinha sido minha melhor experiência. Não tinha ideia de como uma viagem poderia mexer tanto comigo. Conhecer a Chapada dos Veadeiros foi uma experiência que realmente despertou algo dentro de mim.
Pegamos o avião em Congonhas na quarta-feira, dia 20, pré-feriado. Chegamos em Brasília a noite, não deu muito para ver a cidade. Comemos um lanche, conhecemos outras duas pessoas que viajariam conosco e fomos dormir na casa da prima da minha amiga. Lá começa o primeiro desafio, encher o colchão de ar com bomba manual! Haha Pode parecer uma tarefa simples, mas cansa o braço. Melhor opção: usar o secador de cabelo no frio e finalizar com a bomba. Foi rapidinho. Dormi feito uma pedra.
Na manhã seguinte, acordamos cedo, tomamos café e partimos para nosso destino. A Chapada dos Veadeiros abrange sete municípios, mas optamos por ficar em Alto Paraíso de Goiás à 230 km de Brasília (2h30). Pegamos a GO-118, uma estrada surpreendentemente boa. Entre alguns cochilos no banco de trás, fui me encantando com a paisagem. Passamos por povoados bem pobres, algumas pousadas de beira de estrada e a vista dominada pelo cerrado.

Onde nos hospedamos:
Pousada das Guias em Alto Paraíso de Goiás: Quarto bonitinho, bem arrumado e simples. Tudo aquilo que precisávamos! Não tinha ar condicionado, mas a noite fazia um frio que nem havia necessidade. Frigobar foi a boa, para manter alguns lanches e sucos.  Como fechamos diretamente com a pousada e com quase dois meses de antecedência o valor saiu muito em conta. Café da manhã com variedade de frutas, pães e sucos. As redes que rodeavam os quartos são um ponto a mais, dali apreciava a lua cheia todas as noites.




Onde comemos:
Ficamos 4 dias e por isso fomos em vários lugares, mas os dois melhores pelo sabor e valor foram:
- Restaurante Tapindaré: comida por quilo na hora do almoço, muita variedade, tudo fresquinho e com opções vegetarianas.
- Vinte2: comi no jantar filé de tilápia temperado com ervas, purê de batata doce e legumes. Que delícia! Melhor refeição da viagem.

Passeios realizados:
Há um leque muito grande de opções. Fizemos o mínimo do mínimo devido o tempo, mas minhas impressões foram:
- Cachoeira Loquinhas: próxima do centro de Alto Paraíso de Goiás, a Fazenda Loquinhas disponibiliza duas trilhas, Loquinhas (sete poços para banho) e Violeta (seis poços também). Fizemos ambas, pois quisemos aproveitar ao máximo. A pouca quantidade de água nos decepcionou, mas o ânimo voltou ao encontrarmos alguns saguis no decorrer da trilha. Água gelada, foi o necessário para reenergizar. 
Entrada R$20,00. 
Trilha ida e volta: 2 km



- Cachoeira Poço Encantado: localizada dentro da Fazenda Rio de Pedra, a 52km de Alto do Paraíso de Goiás. Possui 38 metros de altura, seu poço 50 metros de diâmetro e praia de areias brancas. Cachoeira deliciosa para aproveitar com a família, mas deve-se tomar cuidado pois algumas áreas possuem 8 metros de profundidade. Quase me afoguei nessa cachoeira. 
Entrada R$20,00
Trilha ida e volta: 400 m



- Cachoeira dos Cristais: a 8km de Alto Paraíso de Goiás. Foi a primeira trilha que achei difícil na viagem, no retorno tive que dar uma parada para respirar. Entretanto é compensador chegar ao final da trilha e deparar-se com a cachoeira Véu de Noiva. Possui um restaurante em sua propriedade e uma área de relaxamento em que você se imagina em uma comunidade hippie.
Entrada R$20,00.
Trilha ida e volta: 1,5 km         



- Vila Kalunga Engenho II: quilombo localizado a 22km de Cavalcante/GO, possui duas cachoeira, da Capivara e Santa Bárbara – considerada a mais bonita da Chapada. Para realizar esse passeio, devido à distância e a procura, acordamos 5h e às 6h já estávamos na estrada. É obrigatório a presença de um guia, que conseguimos no Centro de Apoio ao Turista da cidade (R$80,00 por grupo). Como na segunda cachoeira o sol incidia apenas próximo do meio dia, optamos por visitar a Cachoeira da Capivara primeiro.
Fomos os primeiros a fazer a trilha, inclusive contamos com a presença de uma cobra coral que por ali passava. Achei a cachoeira mais bonita de toda a viagem! Considerei a trilha mais difícil (lembrando minha inexperiência), mas sem dúvida o visual é recompensador e ali teria passado o dia todo.
Voltamos para a trilha e pegamos novamente a estrada dentro do quilombo para o caminho que levava para a Cachoeira de Santa Bárbara. Como o trajeto é cortado por riachos e carros comuns não conseguem passar, pegamos o transporte disponibilizado pela comunidade (R$10 ida e volta por pessoa).  Seguimos por uma trilha plana em meio as colinas, a paisagem sem dúvida foi um espetáculo à parte. A água azul da cachoeira enche os olhos, mas a grande procura acaba estragando o visual. Voltaria fora de temporada ou feriado.
Entrada: R$25,00
Trilha ida e volta: Capivara – 2 km / Santa Bárbara – 10 km




- Vale da Lua: a 9 km de São Jorge/GO, o Rio São Miguel percorre as enormes pedras de granito que foram esculpidas pela água por mais de 600 milhões de anos. Infelizmente como fecha 17h30, pouco pude aproveitar do Vale. Os funcionários do mesmo colocam os visitantes para correr! Mas consegui ficar alguns instantes deitada nas pedras pensando na vida e vi uns sapinhos muito bonitinhos (imagino que venenosos então a distância foi necessária rs).
Entrada: R$20,00
Trilha ida e volta: 2 km
Bônus: saindo de São Jorge e retornando para Alto Paraíso vimos muitos carros estacionados na estrada para observar o pôr-do-sol! É incrível, vale a pena.




Estar de carro facilita muito o acesso aos passeios, não recomendo depender de carona. Você faz seu horário, trajeto e a gasolina dividindo em uma galera não fica cara (gastamos 72,50 em 4 pessoas - a motorista não pagou. E não tem pedágio ufa!). Pode parecer cansativo pegar muitas vezes a estrada, mas o cerrado nos traz surpresas como emas e seus filhotes e tucanos passando em bando pelo seu carro.



Além da natureza deslumbrante, dizem que Alto do Paraíso é o lugar do planeta que sobreviverá às transformações do terceiro milênio. Contam sobre portais para a 5ª dimensão, campo de pouso de naves alienígenas etc. Pode ser até papo furado, mas que existe algo de diferente nesse local isso existe! Estava bem cética, mas como disse no começo essa viagem despertou algo em mim. Não é à toa, com cristais brotando do chão algo de bom tinha que acontecer.
O contato com a natureza e alguns animais (animais de verdade, não aqueles que estou acostumada no dia-a-dia de São Paulo), conhecer pessoas do bem, comer uma comida gostosa, pegar a estrada ouvindo boa música, realizar trilhas superando meus limites, tomar banho de cachoeira todos os dias, ver o nascer e o pôr-do-sol... isso me fez repensar toda minha vida e minhas escolhas, aquilo que realmente é importante pra mim. Não senti falta da minha vida na selva de pedras, não queria voltar para essa minha vida. No nosso retorno para Brasília, por trás do óculos escuro rolaram algumas lágrimas. Tinha me apaixonado pela Chapada!
Essa foi uma das experiências mais gratificantes de toda minha vida! 

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Quando as palavras falham...

Há momentos em que não dá para explicar o que estamos sentindo. Mas existem músicas que fazem isso por nós.













terça-feira, 22 de março de 2016

Um dia

“Acho que você tem medo de ser feliz Emma. Parece que pensa que o caminho natural das coisas na sua vida é ser triste, sombria e macambúzia, e odiar seu emprego, odiar o lugar onde mora e não ter sucesso nem dinheiro, e Deus a livre de um namorado. Na verdade, vou mais longe: acho que você gosta de se sentir frustrada e ter menos do que queria ter, porque isso é mais fácil, não é? O fracasso e a infelicidade são mais fáceis, porque você pode fazer piada com isso. Você é linda, sua velha rabugenta, e se eu pudesse te dar um só presente para o resto da sua vida seria este. Confiança.”

David Nicholls


terça-feira, 8 de março de 2016

08 de março

Feliz dia do "essa é puta", "essa é vadia", "essa é feia", "humm essa é gostosa". 
Feliz dia do "apanhou porque mereceu". 
Feliz dia do "engravidou, mas na hora tava bom". 
"Se fosse santa não tinha morrido". 
"Só foi promovida porque deu 'mole' pro chefe". 
Feliz dia "mas também a culpa foi dela".
Se você não nos respeita o ano inteiro, por que hoje?

terça-feira, 1 de março de 2016

Mesmo se nada der certo

Alguns dias atrás peguei carona com minha melhor amiga para a academia e ela estava ouvindo no repeat uma música do Adam Levine chamada "Lost Star". Então me contou do filme que tinha assistido com ele, no qual a música faz parte da trilha sonora, e sobre como eu iria adorar. 




Tempo passou, hoje estava procurando um filme para assistir no Netflix e não é que o bendito filme estava nos recém adicionados. 
Estou encantada, pois acabei de ver um filme que eu realmente precisava ver, que me identifiquei com o que os personagens estavam sentindo e isso é incrível. 
O filme conta a história de uma cantora que muda-se para Nova Iorque e logo em seguida é abandonada pelo namorado. Em um bar da cidade é descoberta por um produtor, que vê em Gretta uma possível estrela. Sim, a sinopse é cafona e quando li pensei que o filme fosse mais do mesmo. O que fez com que eu me identificasse tanto com o filme é que os personagens ao redor de Gretta e ela mesma estão em uma situação pior que a outra, mas eles não buscam o sucesso de Hollywood e sim a felicidade dentro da situação em que estão. Podem ser vistos como perdedores, mas são adoráveis com suas particularidades.
Em um filme que a personagem principal é cantora, não posso esquecer das músicas. Todas são ótimas! Não só o chiclete "Lost Star" que não sai da minha cabeça, mas todas as músicas e a forma que elas são tocadas (quem assistir, ou já assistiu vai entender).
Fora que a química dos personagens que contracenam com a personagem Gretta é demais. Você se vê no meio daquilo, eles te puxam para dentro da tela.

Recomendadíssimo!! Com Keira Knightley, Mark Ruffalo e Adam Levine









terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Parem de ser mimados e lutem pelos seus relacionamentos

"Uma vez li em algum lugar que os relacionamentos são como as casas: quando uma lâmpada queima você não muda de casa, você troca a lâmpada. Nunca esqueci disso. Sobretudo porque às vezes acho que as pessoas não estão tendo saco para trocar lâmpadas, nem para cuidar de casa nenhuma.
Claro que não venho aqui com um discurso antiquado e equivocado, dizendo que as pessoas devem aceitar viver em relacionamentos infelizes. Isso nunca. A vida é muito curta. O que venho me perguntando é se as pessoas não estão jogando a toalha cedo demais.
Me pergunto se as pessoas não estão confundindo os relacionamentos da vida real com os dos finais de filmes. Até porque os filmes não se preocupam em nos mostrar que o “felizes para sempre” é uma construção permeada por alguns dias infelizes e não um conto de fadas hipócrita.
Fico pensando: se as pessoas investissem muito dinheiro num negócio, uma pequena empresa, como projeto de vida, quanto elas lutariam por ela. Quantas noites mal dormidas elas aceitariam em nome de um projeto no qual elas apostaram tantas fichas. Quantas chatices: conversas com o contador, prestação de contas, cobranças de clientes. Eu tenho certeza de que quase todos os que conheço aguentariam firme, com coragem, compromisso e foco para concretizar essa meta.
E questiono se essas pessoas investiriam esse mesmo tempo, essa mesma energia, se teriam tanta paciência e compreensão com os momentos difíceis dos relacionamentos que elas decidiram viver. Se elas também pensariam “isso é um projeto de vida, é algo que estou construindo e que nem sempre vai ser fácil ou divertido”. Será que as pessoas cuidariam dos seus amores de forma tão decidida quanto cuidariam do seu patrimônio?
Eu fico assustada. E acima de tudo, fico triste. Não acho a menor graça em ver meus amigos saindo de casa. Nunca vou olhar com naturalidade para o rompimento, para o velório dos sonhos a dois, para o enterro de tantos planos, de viagens não feitas, de histórias não vividas.
Sim, os problemas aparecerão. As pessoas interessantes aparecerão. A tampa da privada estará levantada. Os sapatos estarão no meio do caminho. A moça do trabalho estará mais arrumada do que a sua mulher na hora que acordou. Mas você não viu a moça do trabalho acordando. E o cara do trabalho não estará de moletom cinza e meia velha no sofá. Porque ele não faz isso no trabalho, só na casa dele. Sabe? É muito fácil- e muito juvenil- cair nessas ciladas.
Uma coisa é constatar, depois de muitas tentativas, depois de diálogo e de uma busca, sedenta e sofrida, por soluções, que o casal não quer mais seguir o mesmo rumo. Que os planos já não harmonizam. Que a música que está tocando já não é a mesma para os dois. É triste, mas pode acontecer e temos a sorte do século XXI nos dar todo aparato para não sermos escravos de relacionamentos mortos.
Mas acho mesmo que tem muito relacionamento indo para a forca quando poderia ter passado pela enfermaria, pelo pronto socorro, pela internação, pela UTI. Acho mesmo que tem muita gente que acorda esquisito um belo dia e resolve jogar tudo pro alto- seus sonhos e os sonhos do outro.
Acho mesmo que tem muita gente sendo egoísta, se comportando como crianças mimadas que se cansaram de um brinquedo mais antigo porque ele já tem alguma sujeirinha, perdeu alguma peça e porque tem um novinho lá na loja do shopping. Ou porque o brinquedo já precisa trocar a pilha, mas sabe como é, sair, comprar a pilha, abrir o pacote, substituir uma por uma… Dá trabalho demais. Esse brinquedo pode ficar no passado. O consumismo não ficou só nas prateleiras das lojas.
Não é por moralismo. Não é por respeito às instituições. É por respeito ao amor. É por respeito a quem dorme na nossa cama. É porque eu estou achando, cada vez mais, que somos uma porra de uma geração mimada, que aceita os desafios da carreira, dos estudos e do dinheiro, mas que não tem saco nem para o primeiro desafio da convivência e que não tem tempo nenhum para “perder” na construção diária do amor."

Retirado do Blog Ruth Manus